“A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes. No entanto o decreto de Urbano IV teve pouca repercussão, porque esse Papa morreu em seguida, mas, no entanto, propagou-se por algumas dioceses, como na de Colónia na Alemanha, onde Corpus Christi é celebrada desde antes de 1270 e difundiu-se por toda a Alemanha, depois na França e na Itália. A procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canónico (cân. 944) que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, para testemunhar publicamente a adoração e a veneração para com a Santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo. Foi pois a Igreja Católica que sentiu a necessidade de realçar a presença real do Cristo todo no pão consagrado.”
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Em Vila Pouca de Aguiar, onde me encontrava por motivos familiares, participei numa digna cerimónia de fé e religiosidade cristã fora do comum. Estou a falar duma vila com cerca de quatro mil habitantes num concelho com cerca de quinze mil residentes. E foi verem-se juntas cerca de três dezenas de crianças e jovens, da 1ª Comunhão e Profissão de Fé, todas trajadas com túnicas iguais, o que desde logo evita as tais comparações entre os vestidos das meninas e os casaquinhos dos meninos. Depois da eucaristia, todos se integraram na Procissão do “Corpus Christi” que percorreu as principais artérias do burgo, abrilhantada pela Filarmónica “Banda Musical do Pontido”, freguesia de Telões, a única do concelho, fundada em 1765, portanto com quase duzentos e cinquenta anos, uma das mais antigas do país. Esta filarmónica tem presentemente 50 elementos, com muita juventude mesclada com os seniores mais experientes. É dirigida desde 1987 pelo Maestro Américo Costa, simultaneamente Presidente da Direcção, que é natural desta localidade e também ele um antigo executante desta Filarmónica, à semelhança de todos os que o antecederam, como se orgulham de afirmar. Por coincidência confidenciou-nos que há duas semanas visitou a nossa ilha integrando um grupo de turistas do circuito “ilhas mágicas”, e não escondeu o seu agrado pela nossa forma de receber e pela maravilha das nossas paisagens. Mas as autoridades civis e militares do município também marcaram presença a rigor: Edilidade, Bombeiros e um corpo da GNR que transportou o Palio que resguardava a Custódia do Santíssimo. Que se diria se tal acontecesse pelas nossas terras? As Cruzes paroquiais, tal como sempre o incentivou o saudoso P. José Idalmiro, em representação das respectivas comunidades cristãs das freguesias mais próximas, também marcaram presença, tudo na fé e devoção ao “Corpo de Deus”.
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Também por cá na nossa ilha algumas procissões se realizaram e outras vão caindo no esquecimento. A das Lajes voltou a marcar pelo colorido dos seus tapetes, que juncavam o percurso da Procissão. Ainda participei, há anos em S. Roque, quando então nesse dia se celebravam também a 1ª Comunhão e Profissão de Fé, seguindo-se depois da missa solene, a procissão que percorria a Rua da Matriz engalanada com seus tapetes floridos, honrando “Corpus Christi” e onde se incorporavam as crianças da comunhão e profissão de fé, seus familiares e a presença sempre garbosa da filarmónica “União Artista”.
Mas se algumas vão caindo no esquecimento de quem será a culpa? Nossa? Também.
Uma última nota sobre a projeção que nos traz a eleição do Pico como “maravilha natural” de Portugal. São inúmeras as citações de excelência ambiental, paisagística, gastronómica e “de bem receber”, com que muitos nos vão presenteando. Agora foi só esta: o Pico está entre as 5 melhores ilhas secretas do Mundo, galardão atribuído pela BBC. Sem mais comentários mas com enorme satisfação.
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